A Cia da Revista nasce com a proposta de investigar o Teatro de Revista, gênero que chegou ao Brasil no século XIX e que, a partir da década de 1920, ganhou as características que inspiram o trabalho de pesquisa do grupo: estrutura fragmentada que engloba diversos gêneros em um único espetáculo, olhar crítico e irreverente sobre seu tempo e a presença da música como importante elemento narrativo.
Os estudos da constituição do ethos do povo brasileiro e as experiências históricas que formaram o Brasil, também passaram a ser determinantes na Companhia a fim de sustentar seu projeto estético. Tais estudos passaram a ser indissociáveis das investidas cênicas a partir do primeiro projeto de pesquisa realizado através da Lei de Fomento ao Teatro.

O musical brasileiro não é o musical americano. A Broadway não é aqui, já diria o estudioso de teatro musical Gerson Steves no seu livro de mesmo nome. Temos uma história de mais de 100 anos de musical no teatro através do Teatro de Revista Brasileiro - de 1859 com a primeira Revista brasileira montada no país, As Surpresas do Sr. José da Piedade, até a metade da década de 1960, quando a Revista entrou em decadência, provocada em grande parte pelo regime militar instaurado no país durante essa década.
O Teatro de Revista, com seu tom crítico e de deboche, foi um gênero de grande importância no desenvolvimento histórico, cultural e social do Brasil. Desde a criação da companhia Kleber Montanheiro busca pesquisar o teatro musical e os possíveis desdobramentos de uma estética que faça emergir as características do humor do povo brasileiro. As escolhas de textos e de encenação buscam revelar sempre o deboche e o olhar cínico / crítico sobre a situação político-social do Brasil.
A Cia. da Revista vê o teatro como um espaço possível de elucidação de uma consciência coletiva. Consciência do nosso papel de cidadãos. Consciência de que a arte pode ser crítica. O teatro de grupo é uma possibilidade de investigação de quem somos e de quem podemos ser enquanto corpo social. O teatro popular, como o Teatro de Revista, propõe uma estética que aproxima o espectador do objeto artístico.
Nessa travessia entra a memória – do país e de quem somos enquanto civilização brasileira. Nosso humor, nosso deboche, nossa forma de ver o mundo e todos os projetos de acessibilidade que permitem aproximar público e artistas nos parecem fundamentais nesse momento histórico em que a cultura é altamente atacada.

O grupo foi contemplado com os prêmios FEMSA (categoria Melhor Atriz Coadjuvante em O Doente Imaginário, Sonho de uma Noite de Verão e A Odisséia de Arlequino; categoria Melhor Atriz em A Odisséia de Arlequino), APCA (melhor elenco, A Odisséia de Arlequino), FEMSA (melhor espetáculo, A Odisséia de Arlequino) e Cooperativa Paulista de Teatro (melhor espetáculo para espaços não convencionais, A Odisséia de Arlequino). Em 2012, foi indicado a dois prêmios Shell (Direção musical e dramaturgia) e dois prêmios Cooperativa Paulista de Teatro (Direção e direção musical) pelo espetáculo Cabeça de Papelão.
O diretor do grupo, Kleber Montanheiro, recebeu os prêmios APCA (Sonho de uma Noite de Verão), FEMSA (A Odisséia de Arlequino) e APCA (Tatuagem) como melhor diretor. O espetáculo Tatuagem foi ainda vencedor do prêmio Bibi Ferreira de melhor ator coadjuvante (André Torquato) e melhor arranjo em musicais (Marco França).


